Em um novo estudo publicado em outubro de 2025, pesquisadores da Universidade de Michigan revelaram que cerca de 22,4% dos jovens adultos nos Estados Unidos — com idades entre aproximadamente 19 e 30 anos — relataram usar cannabis, álcool ou ambos como estratégia para adormecer. Desses, aproximadamente 18,3% mencionaram uso de cannabis e 7,2% o álcool. Entre aqueles que consumiram cannabis no último ano, cerca de 41% admitiram fazê‑lo com a finalidade específica de dormir.
Embora tanto a cannabis quanto o álcool possam oferecer efeito sedativo imediato, os especialistas alertam que esse “atalho” para o sono pode acionar uma espiral de efeitos adversos: qualidade de sono reduzida, fragmentação dos ciclos de sono, menor proporção de sono REM e aumento de despertares noturnos. No longo prazo, o hábito favorece a formação de tolerância — ou seja, doses maiores são necessárias para obter o mesmo efeito —, bem como maior probabilidade de transtorno por uso de substância.
Esse comportamento é particularmente preocupante porque se insere em um panorama global de insônia: estima‑se que 852 milhões de adultos em todo o mundo vivem com insônia clinicamente relevante — o equivalente a cerca de 16,2% da população adulta global. Diante desse cenário, o uso de substâncias para facilitar o sono aponta para a falta de alternativas terapêuticas eficazes ou para uma subestimação dos riscos.
Para especialistas em sono e dependência, o caminho mais seguro é a adoção de tratamentos baseados em evidência, como a terapia comportamental cognitiva para insônia (TCC‑I), em vez da automedicação com álcool ou cannabis. As diretrizes recomendam buscar ajuda profissional quando o distúrbio do sono for persistente — dias a fio — ou prejudicar o funcionamento no dia seguinte. Além disso, campanhas públicas de saúde devem enfatizar que o “uso pontual” dessas substâncias não é isento de consequências e que o ciclo de dependência pode se instalar silenciosamente.
Em suma, o novo estudo lança luz sobre uma rotina crescente entre jovens adultos: usar substâncias para dormir. A mensagem é clara: embora pareça “inofensiva” à primeira vista, a prática pode comprometer a qualidade do sono, abrir caminho para usos recorrentes e agravar o problema maior da insônia — convidando, portanto, à reflexão e à ação precoce.








