Segundo a OCDE, o Brasil recebeu US$ 38 bilhões em investimento estrangeiro direto no primeiro semestre de 2025 — alta de 48% em um ano. Setor industrial e energia verde lideram aportes.
Por Factual | 1º de novembro de 2025 (sábado)
Brasil volta ao centro das atenções

O Brasil encerrou o primeiro semestre de 2025 com um feito que surpreendeu analistas: foi o segundo país que mais recebeu investimento estrangeiro direto (IED) em todo o mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
Foram US$ 38 bilhões aplicados por empresas internacionais em fábricas, startups e centros tecnológicos — um crescimento de 48% em relação ao mesmo período de 2024, segundo dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Mais do que números, o resultado simboliza uma mudança de percepção global: o Brasil voltou a ser visto como um país de oportunidades estruturais e previsibilidade relativa, mesmo num contexto de juros altos e incertezas fiscais.
Investimento direto: confiança de longo prazo

Diferente dos fluxos na Bolsa, o investimento estrangeiro direto reflete decisões de longo prazo — abertura de filiais, fusões, aquisição de empresas e projetos de infraestrutura.
É o tipo de capital que não especula, constrói — e por isso, é considerado um dos principais termômetros da confiança internacional na economia de um país.
Reindustrialização e energia verde puxam aportes

Segundo a OCDE, boa parte do avanço vem da retomada do setor industrial, impulsionada por projetos ligados à transição energética.
Empresas estão ampliando investimentos em fábricas de baterias, semicondutores, veículos elétricos e energia solar, fortalecendo o papel do Brasil como polo industrial verde da América Latina.
Também ganharam destaque as fusões e aquisições em segmentos estratégicos como agronegócio, tecnologia financeira e biotecnologia — todos sustentados por um mercado interno robusto e consumidor diversificado.
Bastidores: confiança, mas com cautela
Nos bastidores, parte do mercado ainda enxerga o movimento com cautela pragmática.
Há preocupação com a indefinição da meta fiscal de 2026, a complexidade da reforma tributária e os sinais políticos mistos vindos de Brasília.
Mesmo assim, o consenso entre investidores é que o Brasil voltou a ser previsível o suficiente para atrair capital produtivo — algo raro entre economias emergentes.
“O país tem escala, base industrial e energia limpa em abundância. Falta previsibilidade política, mas sobra potencial”, avalia Carla Yamada, analista da LatinVest Research.
Foram US$ 38 bilhões aplicados por empresas internacionais em fábricas, startups e centros tecnológicos — um crescimento de 48% em relação ao mesmo período de 2024, segundo dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Com US$ 149 bilhões, os Estados Unidos continuam isolados na liderança.
Mas o fato de o Brasil aparecer logo em seguida — à frente de China, Alemanha e Índia — reforça a percepção de que o país voltou a jogar entre os grandes.
Num mundo cada vez mais fragmentado, o Brasil desponta como um dos destinos mais promissores e estáveis do Sul global, combinando segurança alimentar, energia limpa e avanço tecnológico.
Reflexão final: e agora, o que o Brasil faz com essa confiança?
A alta de 2025 é um marco, mas também um teste.
O desafio é transformar o capital estrangeiro em desenvolvimento concreto — produtividade, inovação, empregos e infraestrutura moderna.
O país já viveu ondas semelhantes no passado, que se esgotaram com as crises seguintes. A diferença agora é que o mundo precisa de um Brasil estável, capaz de liderar o novo ciclo verde e digital.
Se souber aproveitar o momento, o país pode consolidar não apenas o investimento estrangeiro — mas a sua própria maturidade econômica.http://jornalfactual.com.br






