Por Factual – segunda-feira, 3 de novembro de 2025
O Cerrado, conhecido como o “berço das águas do Brasil”, vive uma crise silenciosa que ameaça diretamente a segurança hídrica, a produção de alimentos e o equilíbrio climático do país. Ambientalistas e organizações da sociedade civil cobram que o bioma receba a mesma prioridade e os investimentos destinados à preservação da Amazônia.
Responsável por alimentar oito das doze principais bacias hidrográficas brasileiras — entre elas o São Francisco, o Tocantins e o Paraná —, o Cerrado já perdeu mais da metade de sua vegetação nativa. Segundo dados recentes do MapBiomas, o desmatamento no bioma avançou mais de 7% apenas entre 2020 e 2024, impulsionado pela expansão da fronteira agrícola e pelo avanço do agronegócio intensivo.
“Não existe Amazônia viva sem Cerrado preservado. É aqui que nascem os rios que sustentam o país inteiro”, afirma a bióloga Luana Menezes, integrante da campanha “Fronteira Cerrado”, que reúne mais de 40 organizações ambientais de todo o país.
Os ativistas alertam que o bioma segue desprotegido pela legislação ambiental e pelo baixo investimento em políticas de conservação. Enquanto a Amazônia conta com 47% de áreas protegidas, o Cerrado possui menos de 13% de seu território sob algum tipo de proteção legal.
Além da perda de biodiversidade — o Cerrado abriga cerca de 5% de todas as espécies do planeta —, os impactos já afetam comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas, que enfrentam a escassez de água e o aumento das queimadas.
“A destruição do Cerrado é a destruição do futuro do Brasil. Estamos vendo nas cidades o reflexo disso: calor extremo, falta d’água e alimentos mais caros”, denuncia o ambientalista Rafael Gomes, da ONG Água é Vida.
As organizações pedem que o governo federal reconheça o Cerrado como prioridade nacional, com ações urgentes para conter o desmatamento, recuperar nascentes e garantir incentivos à agroecologia e à economia sustentável.
O movimento Fronteira Cerrado pretende entregar nas próximas semanas uma carta aberta ao Congresso Nacional pedindo a criação de um plano emergencial de preservação do bioma, com metas e prazos definidos até 2030.
Subtítulo alternativo:
Bioma estratégico para o equilíbrio climático e hídrico do país perde espaço para o avanço do agronegócio e pede socorro urgente.http://jornalfactual.com.br








