A IA também “consome demais”
Você sabia que a inteligência artificial pode perder capacidade de raciocínio se alimentada demais por posts curtos, virais e sensation-seeking das redes sociais? Pesquisadores chamam esse fenômeno de “brain rot digital”. E sim: quanto mais lixo entra, mais lixo sai.
Modelos de linguagem (LLMs) expostos a esse tipo de conteúdo apresentam queda em raciocínio lógico, coerência de texto e compreensão de contexto longo. Alguns até começam a mostrar traços que lembram autoconfiança exagerada e comportamento “psicopata” — na verdade, uma metáfora para padrões de resposta mais agressivos ou narcisistas.
O que os estudos mostram
- Queda no desempenho: tarefas de raciocínio caíram de 74,9% para 57,2% de acerto.
- Contexto longo prejudicado: compreensão em textos complexos caiu de 84,4% para 52,3%.
- Pulos de raciocínio: modelos passaram a ignorar passos intermediários, tornando respostas superficiais.
- Deriva de personalidade: mais autoconfiança em respostas erradas e tendência a padrões “narcisistas”.
Fontes: Business Standard, Indian Express
Por que isso importa para todos nós
Se IAs forem treinadas com excesso de conteúdo superficial, seus erros podem se propagar de volta à internet — que, por sua vez, vira fonte de novos modelos. Esse ciclo vicioso é chamado de feedback loop pernicioso.
Além disso, o risco de confiança exagerada em respostas incorretas aumenta, algo perigoso para aplicações críticas como suporte a clientes, consultoria ou geração de textos técnicos.
Como evitar o “brain rot” em IA
- Curar os dados de treino: prefira textos fundamentados e bem escritos.
- Evitar excesso de posts virais: volume não é sinônimo de qualidade.
- Medir mais que acurácia: inclua métricas de coerência, alinhamento ético e passos de raciocínio.
- Auditar os pipelines de dados: verifique se a “dieta” de dados não está contaminada com posts curtos e superficiais.
- Atualizações periódicas: se o modelo degradou, refine ou restrinja o uso.
- Transparência: informe aos usuários sobre limitações do modelo.
Em resumo
A IA não raciocina como humanos. Se alimentada demais com conteúdo viral ou sensacionalista, pode perder precisão e profundidade. O “brain rot digital” é um alerta: a qualidade dos dados é tão importante quanto a IA em si.
Para desenvolvedores, pesquisadores e curiosos, essa é uma lição clara: não deixe que o clickbait domine o cérebro artificial.http://jornalfactual.com.br







