
No quinto dia de sessões, ministra reforça tom duro contra ataques à democracia, enquanto Zanin adota postura garantista, sinalizando equilíbrio entre punição e devido processo.
O julgamento que pode redefinir a trajetória política de Jair Bolsonaro entrou em uma fase decisiva com os votos da ministra Cármen Lúcia e do ministro Cristiano Zanin. Ambos trouxeram visões complementares: de um lado, a firmeza institucional; de outro, a prudência jurídica.
Cármen Lúcia manteve o tom incisivo que a caracteriza, destacando que a democracia “não admite atalhos” e que a responsabilidade do ex-presidente deve ser enfrentada de forma clara. Seu voto reforça a linha já sustentada por ministros como Alexandre de Moraes, que enxergam nas condutas atribuídas a Bolsonaro uma ameaça direta às instituições.
Já Cristiano Zanin, em sua atuação ainda inicial no Supremo, adotou um discurso técnico e sereno. Centrado em princípios constitucionais e no devido processo legal, Zanin defendeu que decisões judiciais não podem abrir precedentes que fragilizem direitos fundamentais. Sua postura sinaliza cautela e busca afastar a imagem de alinhamento automático ao governo que o indicou.
A diferença de estilo revela também o papel de cada ministro na correlação de forças do julgamento. Enquanto Cármen Lúcia se firma como guardiã da democracia e consolida a linha mais dura contra Bolsonaro, Zanin aparece como potencial moderador, capaz de definir se a decisão final será mais rígida ou mais restrita.
Em conjunto, os votos representam um ponto de equilíbrio: a força moral de Cármen e a prudência técnica de Zanin. Essa combinação tende a dar ao resultado não apenas legitimidade jurídica, mas também peso histórico, consolidando a imagem do Supremo como árbitro central da crise política.http://jornalfactual.com.br