Em um movimento inédito no enfrentamento ao roubo e à receptação de aparelhos telefônicos, a Polícia Civil do Rio de Janeiro iniciou a devolução de 1.600 celulares recuperados por meio da Operação Rastreio, considerada a maior e mais abrangente iniciativa já realizada no estado para desmontar a cadeia criminosa que lucra com esse tipo de delito.
Mais do que uma ação policial, a megaoperação marca um momento de virada na forma como o estado combate um dos crimes que mais afetam a população.
Um marco no combate à cadeia criminosa dos celulares roubados

Nos últimos anos, o roubo e furto de celulares se tornou um dos delitos mais comuns no Rio. Mas o grande motor por trás desses crimes não é a rua — e sim o mercado clandestino que compra, revende e recircula os aparelhos.
A Operação Rastreio foi planejada justamente para mirar no coração dessa engrenagem.
Com ações simultâneas em todas as regiões do estado, perícias aceleradas e rastreamento de IMEI em larga escala, a polícia saiu do tradicional “patrulhamento pontual” e passou a atuar em todo o ecossistema do crime: de quem rouba, de quem revende e de quem lucra.
A devolução que dá rosto ao problema — e às vítimas
O início da entrega dos aparelhos recuperados transformou as delegacias em pontos de reencontro.
Entre os 1.600 celulares devolvidos, muitos ainda estavam sendo pagos pelos donos. Alguns guardavam registros únicos: fotos de família, conversas de trabalho, provas, contatos, memórias.
Para muita gente, receber o telefone de volta não foi apenas um alívio financeiro — foi recuperar um pedaço da própria vida.
A devolução foi cuidadosamente organizada:
- Chamados individuais por telefone ou WhatsApp institucional.
- Verificação do número de série (IMEI).
- Comprovação de propriedade.
- Emissão de auto de entrega, garantindo segurança jurídica ao procedimento.
A logística, inédita em escala, foi distribuída entre a Cidade da Polícia, unidades da Baixada Fluminense, Região Metropolitana e interior.
A operação que virou referência
Desde o início da Rastreio, a Polícia Civil já recuperou milhares de aparelhos, prendeu envolvidos no comércio ilegal, desativou redes de receptação e conseguiu mapear rotas inteiras de revenda, incluindo lojas e assistências técnicas que atuavam como fachada.
No chamado “Dia D”, policiais de diversas delegacias coordenaram ações simultâneas e realizaram mais de uma centena de prisões, além de apreenderem quase 1.500 celulares em um único dia.
A mensagem é clara: o crime deixa rastro — e o rastro pode ser rastreado.
Prevenção como política permanente
Além da repressão, a Polícia Civil lançou ferramentas de prevenção, como aplicativos de consulta de IMEI e campanhas que reforçam a importância de evitar compra de celulares sem comprovação de origem.
A lógica é simples: se não houver quem compre, não haverá quem roube.
Por isso, a corporação alerta: adquirir celular muito barato, sem nota fiscal ou sem procedência conhecida pode transformar o comprador em cúmplice de um crime.
E a receptação — mesmo sem intenção — é crime previsto em lei.
Um movimento que ainda não terminou
A devolução dos 1.600 celulares marca um marco histórico, mas não o fim da operação.
Centenas de aparelhos ainda estão em análise pericial para identificar os donos. Novas listas de convocados serão divulgadas, e mais fases de entregas devem ocorrer nos próximos meses.
A Rastreio, segundo a própria polícia, não é uma operação pontual: é uma estratégia contínua, que deve remodelar o enfrentamento ao crime de receptação no estado.






