
A proposta que permite a venda de medicamentos em supermercados, que já tramita há meses, está pronta para ser votada na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado. A medida, defendida por alguns parlamentares como uma forma de ampliar o acesso a medicamentos de baixa complexidade, gera preocupação entre profissionais da saúde e farmacêuticos.
Segundo a Agência Senado, o projeto prevê que remédios de venda livre, como analgésicos e antigripais, possam ser comercializados fora de farmácias, incluindo supermercados e estabelecimentos similares.
No entanto, especialistas alertam para riscos à saúde pública. A farmacêutica Carla Mendes, membro da Associação Brasileira de Farmacêuticos, ressalta: “Medicamentos, mesmo os de venda livre, precisam de orientação adequada. A presença do farmacêutico é essencial para evitar interações perigosas, uso inadequado ou mascaramento de sintomas de doenças mais graves.”
Para o médico clínico geral João Ricardo, a facilidade de acesso pode ter efeito ambíguo. “Por um lado, pacientes podem obter medicamentos rapidamente. Por outro, aumenta o risco de automedicação, atraso no diagnóstico e consumo excessivo de fármacos,” explica.
Alguns defensores do projeto argumentam que a medida moderniza o mercado e desburocratiza o acesso. “Não estamos falando de antibióticos ou medicamentos controlados, apenas remédios de baixa complexidade, que já são amplamente consumidos pela população,” afirma a senadora responsável pela proposta.
A votação na CAS deve ocorrer nas próximas semanas, e o projeto ainda passará por outras etapas legislativas antes de se tornar lei. A expectativa é que o debate entre acessibilidade e segurança na utilização de medicamentos seja central para a decisão final.http://jornalfactual.com.br