
Nos aeroportos, todos parecem estar de passagem. Rostos apressados, malas arrastadas, destinos sonhados. Mas por trás dessa rotina frenética, existe um movimento silencioso e sombrio: o tráfico de pessoas.
São homens, mulheres e, principalmente, crianças que desaparecem entre portões e conexões, vítimas de redes criminosas que atuam sob os olhos desatentos do cotidiano. Eles não deixam rastros claros — são engolidos por verdadeiros sumidouros humanos, buracos invisíveis da sociedade onde a dignidade e a liberdade se perdem.
O tráfico de pessoas é hoje uma das atividades mais lucrativas do crime organizado, rivalizando com drogas e armas. E os aeroportos, pela sua natureza de trânsito internacional, acabam sendo pontos estratégicos para o aliciamento, transporte e exploração dessas vítimas. Muitas vezes, um olhar cabisbaixo, um passaporte retido por “acompanhantes”, ou um silêncio forçado já são sinais de que alguém está prestes a desaparecer.
Mas o maior perigo é o da indiferença. Enquanto acreditarmos que esse problema é distante, continuaremos permitindo que vidas sejam sugadas para dentro desse abismo. É preciso enxergar, falar, denunciar. É preciso que autoridades, companhias aéreas e passageiros tenham consciência de que o tráfico de pessoas não acontece apenas em filmes — ele acontece nos corredores que cruzamos sem perceber.
Um aeroporto pode ser o ponto de partida de sonhos. Mas também pode ser o último lugar em que alguém é visto em liberdade. A pergunta que fica é: quantos mais precisarão desaparecer para que olhemos para os sumidouros que se abrem debaixo dos nossos pés?http://jornalfactual.com.br