O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou nesta terça-feira (2) o julgamento histórico do ex-presidente Jair Bolsonaro e de mais sete réus, acusados de participação em uma trama para tentar um golpe de Estado. O primeiro dia foi marcado por discursos duros, acusações contundentes, estratégias de defesa polêmicas e forte presença midiática.
Relatório e tom do Supremo
A sessão começou às 9h11, sob a presidência do ministro Cristiano Zanin. O relator, Alexandre de Moraes, abriu os trabalhos destacando que “a impunidade não é espaço para pacificação” e que a soberania do país não poderia ser negociada. O tom firme do ministro deu a tônica de um julgamento que promete ser um dos mais relevantes da história política brasileira.
Acusação da PGR
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, foi incisivo ao apresentar a acusação, classificando os atos dos réus como uma sequência coordenada que tinha como objetivo a ruptura democrática e a tomada do poder. Segundo ele, a tentativa de golpe foi clara, planejada e envolveu agentes políticos e militares.
Defesa dos réus
Na parte da tarde, começaram as sustentações orais das defesas:
- Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, destacou que não agiu sob coação e pediu respeito ao acordo de delação premiada.
- Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, negou espionagem contra ministros do STF, dizendo que apenas compilava informações do então presidente.
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, afirmou que nunca colocou tropas à disposição de uma ação golpista.
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, tentou minimizar o peso da “minuta do golpe”, chamando-a de “minuta do Google”.
Ausências e esquema de segurança
Bolsonaro não compareceu ao plenário, alegando problemas de saúde. Entre os réus, apenas o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, esteve presente. Do lado de fora e dentro do STF, o clima foi de segurança máxima: mais de 500 jornalistas acompanharam o julgamento, ao lado de parlamentares, estudantes de Direito e curiosos.
Próximos passos
O julgamento será retomado nesta quarta-feira (3), com as sustentações de defesa de Bolsonaro, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Braga Netto. O calendário prevê oito sessões, com previsão de veredicto para o dia 12 de setembro.
Opinião pública
Nas redes sociais, a repercussão foi intensa. Levantamento da Quaest apontou que 64% das menções eram contra a prisão de Bolsonaro, enquanto 19% defendiam a punição e 17% se mantiveram neutras. Até as 16h30, mais de 746 mil publicações já comentavam o julgamento. http://jornalfactual.com.br







