O escândalo do Banco Master começou como mais um caso financeiro envolvendo fraudes, títulos irregulares e a queda espetacular de um banqueiro que gostava das luzes. Mas rapidamente o enredo deixou de ser apenas econômico. Quanto mais camadas se retiram, mais o caso revela algo raro: uma instituição privada em ruínas orbitada por três figuras centrais da elite brasileira — Michel Temer, Alexandre de Moraes e Ricardo Lewandowski.
Isoladamente, cada conexão poderia ser tratada como “normal”.
Juntas, elas formam um mosaico que desafia o acaso.
A implosão que revelou demais
Com a prisão de Daniel Vorcaro, o controlador do Master, a crise deixou de ser interna. Investigações apontam para emissão de títulos falsos, operações suspeitas e uma gestão que, segundo investigadores, parecia mais um castelo inflado do que um banco sólido.
Quando a liquidação extrajudicial foi decretada, a pergunta que surgiu nos bastidores foi simples e brutal:
Como um banco tão pequeno chegou tão perto de tanta gente poderosa?
A resposta começa a aparecer.
Michel Temer: o ex-presidente convocado nos bastidores
No auge da turbulência, o ex-presidente Michel Temer teria sido acionado para intermediar negociações entre o Master e o BRB (Banco de Brasília). Não foi um encontro de cortesia — foi tentativa de “salvação”.
Temer virou o homem procurado quando o banco buscava um acordo com uma instituição pública, justamente ensaiando manobras para sobreviver.
O que um banco com problemas estruturais via num ex-presidente?
Influência.
Janela política.
Acesso.
E o que Temer via no Master?
Isso ainda ninguém explicou publicamente.
O escritório da família de Alexandre de Moraes
A relação seguinte é ainda mais delicada porque toca o Judiciário.
O escritório Barci de Moraes — que tem como sócios a esposa de Alexandre de Moraes e os dois filhos do ministro — prestou serviços jurídicos ao Banco Master.
Não houve ilegalidade aparente.
Não houve atuação em processos do STF.
Mas houve vínculo, contrato e relação profissional.
E o fato indiscutível é:
um banco que hoje está sob investigação federal teve assessoria jurídica da família imediata de um ministro da mais alta corte do país.
Isso não constrói crime.
Constrói desconforto institucional.
Lewandowski: antes, durante e depois
Ricardo Lewandowski, antes de assumir o Ministério da Justiça, integrava um comitê consultivo do Master — papel comum para ex-ministros, mas crucial quando se considera o momento.
Mesmo após assumir o ministério, participou de eventos relacionados ao banco.
A proximidade continuou.
É completamente legal.
Mas politicamente… é atrito.
E simbolicamente… é barulho.
Um banco à beira do colapso tendo laços com quem viria a comandar a Justiça do país cria um problema que não é criminal — é de percepção pública.
A coincidência que ficou grande demais
Aqui está o ponto que gera repercussão:
Nenhuma dessas relações, isoladamente, parece criminosa.
Mas as três juntas apontam para uma mesma instituição, no mesmo período, sob a mesma investigação.
É improvável demais para não chamar atenção.
É sensível demais para ser ignorado.
É ruidoso demais para ser tratado como acidental.
Quando um ex-presidente, a família de um ministro do STF e um ministro da Justiça aparecem conectados a um banco que desmorona, a pergunta que ecoa não é:
“Há crime?”
A pergunta real é:
“Há poder demais no mesmo lugar?”
E essa pergunta é explosiva.






