O mito da caverna de Platão fala de homens que confundem sombras com realidade. Quem se arrisca a sair e retorna à caverna para contar a verdade, é recebido com hostilidade.
Hoje, muitas universidades correm esse risco. O espaço do diálogo é substituído por trincheiras ideológicas. Quando uma narrativa se torna dominante, qualquer discordância passa a ser vista como ameaça. O dogma se disfarça de ciência.
Não importa se é um viés progressista ou conservador: a tentação de transformar a universidade em caverna é a mesma. E, quando alguém mostra a luz — ou seja, uma visão contrária, uma pesquisa incômoda, uma crítica inesperada —, a reação é muitas vezes de raiva, censura e até histeria.

Mas a missão da universidade deveria ser outra: ensinar a suportar a luz, que nem sempre conforta, mas sempre liberta. O verdadeiro conhecimento não protege, não massageia ego, não confirma certezas; ele incomoda.
Se não aceitarmos esse desconforto, continuaremos na caverna: discutindo sombras, brigando por sombras e enlouquecendo diante da verdade.http://jornalfactual.com.br








