Num movimento que pode reconfigurar a disputa por direitos no serviço público, o Senado aprovou um pacote de mudanças que promete repercutir em todo o país. De um lado, a tão aguardada aposentadoria especial para agentes comunitários de saúde e agentes de combate a endemias finalmente saiu do papel. De outro, os senadores desafiaram a diretriz técnica do Ministério da Saúde e aprovaram mamografia pelo SUS a partir dos 40 anos, reacendendo o debate sobre prevenção, gastos e prioridades.
A temperatura política subiu.
Aposentadoria especial: um divisor de águas no serviço público
O PLP 185/2024, agora encaminhado para a Câmara, garante aposentadoria com integralidade e paridade — dois pontos sempre sensíveis no debate previdenciário. Ou seja: quem cumprir os requisitos de idade e tempo de serviço se aposenta ganhando o valor integral e com reajustes iguais aos dos servidores na ativa.
E tem mais:
- Pensão por morte com o mesmo padrão de benefícios.
- Aposentadoria por incapacidade permanente, se houver doença profissional ou relacionada ao trabalho — um ponto crucial para agentes que atuam na linha de frente de endemias, enfrentando riscos biológicos diários.
O texto já é considerado a maior vitória recente da categoria, que há anos cobra reconhecimento pelo papel no combate a dengue, zika, chikungunya e outras emergências sanitárias.
Mamografia aos 40: Senado atropela diretriz e coloca Ministério da Saúde na parede
Os senadores também aprovaram o PL 499/2025, que obriga o SUS a oferecer mamografia para mulheres a partir dos 40 anos como política pública permanente.
Hoje, o Ministério da Saúde recomenda exames apenas entre 50 e 69 anos, de dois em dois anos — faixa considerada mais eficiente para rastreamento. Antes dos 50, o SUS só faz o procedimento em casos específicos, como suspeita clínica ou risco hereditário.
Com a nova regra, que segue agora para sanção presidencial, o governo terá de repensar orçamento, logística e diretrizes nacionais de prevenção. A pressão sobre o Ministério deve aumentar.






