Por Factual — Terça-feira, 4 de novembro de 2025
Vivemos uma época em que a inteligência artificial escreve textos, os robôs fazem cirurgias e os algoritmos decidem o que vemos nas redes sociais. Nunca a tecnologia avançou tanto — e, paradoxalmente, nunca o ser humano pareceu tão perdido diante do próprio progresso.
Enquanto empresas disputam quem lançará o próximo salto digital, a educação — base de qualquer desenvolvimento humano verdadeiro — segue em colapso silencioso. Escolas com infraestrutura precária, professores desvalorizados e jovens cada vez mais reféns das telas revelam uma sociedade que confundiu acesso à informação com capacidade de pensar.
“Estamos formando gerações que sabem usar dispositivos, mas não compreendem o mundo que os produz”, afirma a educadora e pesquisadora Ana Lúcia Moura, da Universidade Federal de Minas Gerais. “O avanço tecnológico sem avanço humano cria cidadãos tecnicamente hábeis, mas emocional e intelectualmente frágeis.”
A ilusão do progresso digital

A tecnologia, vendida como sinônimo de modernidade, mascara desigualdades. Em muitas escolas públicas, os tablets doados por programas governamentais viram enfeites: faltam internet, formação docente e metodologias adequadas.
Nas redes sociais, jovens consomem toneladas de conteúdo — mas raramente aprendem a refletir sobre ele. A superficialidade virou hábito, e a educação crítica perdeu espaço para a dopamina instantânea dos cliques e curtidas.
Educação em crise, humanidade em risco

Relatórios recentes da UNESCO mostram que o Brasil ocupa posição preocupante nos índices de leitura, matemática e ciências. Mesmo com tecnologias educacionais disponíveis, a aprendizagem segue estagnada.
O problema não está na máquina, mas no uso que fazemos dela. Sem formação humana sólida, ética e emocional, os avanços tecnológicos se tornam ferramentas de alienação, não de libertação.
Desenvolvimento é mais que inovação
O verdadeiro progresso exige empatia, consciência e pensamento crítico — virtudes que não podem ser programadas.
Enquanto seguimos celebrando cada nova versão de um chip, esquecemos que o maior “upgrade” que a humanidade precisa é o da consciência.
Sem educação de qualidade e sem valorização do ser humano, a tecnologia não emancipa — apenas disfarça o vazio.







