
Com dois votos já pela condenação, ex-presidente pode se tornar o primeiro líder brasileiro condenado por articular um golpe de Estado.
O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou nesta terça-feira (9) a etapa decisiva do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de liderar uma trama para tentar derrubar a democracia brasileira após sua derrota nas eleições de 2022. O processo, histórico e inédito no país, coloca em xeque não apenas o futuro político de Bolsonaro, mas também a relação das Forças Armadas e de seus aliados com o Estado democrático.
Até agora, o placar está 2 a 0 a favor da condenação. O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, abriu a votação pedindo a condenação de Bolsonaro e outros sete réus por cinco crimes: tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio público. Em seguida, o ministro Flávio Dino acompanhou o voto, reforçando que Bolsonaro teve “culpabilidade bastante alta” e pedindo penas mais severas ao ex-presidente e ao general Walter Braga Netto.
Ainda faltam votar os ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. A expectativa é que o julgamento seja concluído até sexta-feira (12), quando também deverá ser definida a dosimetria das penas.
Bastidores em ebulição
Nos bastidores de Brasília, o clima é de tensão máxima. Integrantes do governo Lula avaliam que uma condenação robusta pode abrir caminho para acelerar projetos de fortalecimento das instituições democráticas. Já aliados de Bolsonaro, em especial do núcleo militar e político que ainda orbita em torno do ex-presidente, articulam discursos de vitimização e denunciam o julgamento como “perseguição política”.
Externamente, a pressão também se intensifica: aliados internacionais de Bolsonaro, como o ex-presidente Donald Trump, classificaram o processo como “politicamente motivado”. Washington, inclusive, já anunciou medidas de restrição comercial contra o Brasil em retaliação.
Investigação inédita
O caso chega ao STF após quase três anos de apurações. Operações da Polícia Federal, como a Tempus Veritatis e a Contragolpe, revelaram planos detalhados para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, incluindo ataques contra ministros do Supremo e a preparação de um decreto golpista para anular as eleições.
Marco histórico
Caso seja condenado, Bolsonaro será o primeiro ex-presidente brasileiro condenado por tentativa de golpe de Estado, um marco que pode redefinir a história política recente do país.
Enquanto o veredito não chega, o STF segue sob holofotes do mundo. O resultado do julgamento terá repercussões diretas não apenas na política brasileira, mas também na imagem internacional do país como democracia resiliente diante de ameaças autoritárias.http://jornalfactual.com.br