Uma nova diretriz lançada por cinco sociedades médicas brasileiras redefine a forma de lidar com obesidade e sobrepeso, colocando o risco cardiovascular como prioridade na avaliação e no tratamento dos pacientes.
O documento, elaborado pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (Abeso), Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e Academia Brasileira do Sono (ABS), estabelece que todos os adultos com sobrepeso ou obesidade devem ser avaliados não apenas pelo índice de massa corporal (IMC), mas também pelo risco de desenvolver doenças cardiovasculares e insuficiência cardíaca.
Entre as principais mudanças, está a utilização do escore PREVENT, que considera fatores como hemoglobina glicada (HbA1c) e histórico clínico para calcular a probabilidade de eventos cardíacos em um período de 10 anos. A partir dessa análise, os pacientes são classificados em risco baixo, moderado ou alto, o que orienta as metas de perda de peso e as estratégias de tratamento.
Enquanto uma redução sustentada de 5% do peso corporal já demonstra benefícios metabólicos, a nova diretriz recomenda uma perda mínima de 10% para indivíduos com risco cardiovascular moderado ou alto, visando reduzir a ocorrência de infartos, AVCs e insuficiência cardíaca.
O documento também dá mais espaço para terapias modernas, como medicamentos à base de agonistas de GLP-1 — incluindo a semaglutida e a tirzepatida —, que mostraram eficácia não só no emagrecimento, mas também na redução de eventos cardiovasculares. A cirurgia bariátrica, por sua vez, ganha critérios mais claros de indicação, especialmente para pacientes de alto risco.
Especialistas ressaltam que a abordagem mais ampla busca superar a limitação do IMC como único critério de avaliação. Agora, o foco passa a ser onde a gordura está acumulada e como ela impacta a saúde do coração e do metabolismo.
Apesar dos avanços, o desafio será tornar esse modelo acessível a todos os brasileiros. Medicamentos modernos ainda têm alto custo e exames de rastreamento nem sempre estão disponíveis na rede pública. Para especialistas, a diretriz é um passo importante, mas precisa vir acompanhada de políticas públicas que ampliem o acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado.http://jornalfactual.com.br








