
Enquanto a população sente o aperto nos serviços públicos, o Congresso decidiu dar um salto bilionário nas verbas das campanhas políticas. O Fundo Eleitoral, principal fonte de financiamento de partidos desde que o STF proibiu doações empresariais, vai saltar de R$ 1 bilhão para R$ 4,9 bilhões nas eleições de 2026 — um aumento de 390%.
A movimentação, articulada pelo deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL), mantém o fundo no mesmo patamar das últimas eleições, mas revela uma lógica clara: priorizar a eleição em detrimento de investimentos sociais. Dos R$ 4,9 bilhões, R$ 3,9 bilhões virão de emendas de bancada, originalmente destinadas a obras e projetos locais, e R$ 1 bilhão será retirado de outras despesas do governo. Em outras palavras, escolas, hospitais, estradas e programas sociais perdem espaço para santinhos e campanhas publicitárias.
O mais surpreendente não é apenas o valor, mas o raro consenso que o aprovou: PT e PL, governo e oposição, lado a lado, provando que quando o assunto é dinheiro de campanha, a política une até os polos mais distantes.
O dinheiro público financia diretamente quem deveria cuidar dos interesses da população

O aumento do Fundão expõe uma contradição do nosso sistema: o dinheiro público financia diretamente quem deveria cuidar dos interesses da população, mas em vez disso, abastece a própria política. Enquanto isso, milhões de brasileiros enfrentam filas, cortes e serviços escassos.
A pergunta que fica, e que ninguém responde com clareza, é: a democracia brasileira vale R$ 4,9 bilhões por eleição? E, mais que isso: será que é justo que o dinheiro da população vá parar nos cofres dos partidos em vez de atender necessidades reais?http://jornalfactual.com.br