Nem o Silêncio Tem o Poder de Calar a Fé

(Um manifesto contra o esquecimento e a indiferença)

O vento sopra pelas ruínas de uma aldeia esquecida.
Entre cinzas e restos de uma parede chamuscada, uma Bíblia carbonizada ainda repousa aberta — como se esperasse que alguém voltasse a ler o último salmo.
Mas ninguém volta.
Foram todos levados pela fé.

Ali, onde antes ecoavam cânticos e risos de crianças, agora há apenas o som seco das botas sobre o pó.
O sol nasce todos os dias sobre o mesmo cenário: o chão tingido de vermelho e o silêncio que grita o nome dos que se foram.
Eles morreram de olhos abertos, olhando para o céu, recusando-se a negar aquilo que lhes dava sentido — a fé.

Enquanto o mundo volta seus olhos para outros conflitos, a Nigéria, o país mais populoso da África, vive um inferno esquecido: uma perseguição sistemática contra pessoas por sua fé.
Cristãos e muçulmanos moderados são mortos, aldeias inteiras são queimadas, igrejas e escolas atacadas, famílias exterminadas. E o mundo? Silêncio absoluto.

Em regiões inteiras, praticar a fé tornou-se um ato de coragem extrema. Igrejas são destruídas, cultos interrompidos por violência, crianças assistem à morte de seus pais por simplesmente acreditar. Não se trata apenas de guerra ou crime comum — trata-se de um genocídio religioso disfarçado, sustentado pelo ódio e pela impunidade.

Quem está por trás desse terror? Milícias armadas, insurgentes radicais, interesses políticos e uma corrupção profunda que impede qualquer proteção efetiva do Estado. Enquanto isso, governos estrangeiros, ONGs internacionais e a mídia global parecem incapazes ou relutantes em reconhecer a dimensão dessa tragédia. Ignorar a Nigéria não salva vidas: apenas condena milhões ao sofrimento.

Mas há algo que o ódio não consegue destruir: a fé. Cada vida ceifada, cada aldeia destruída, cada culto interrompido se transforma em semente de resistência. O sangue derramado desses inocentes fertiliza a terra e renova a força da crença — porque a fé da Nigéria é indomável. Eles não desistem, e sempre retornam mais fortes. A cada ataque, a fé se torna mais luminosa, mais corajosa, mais viva.

Na Nigéria, aldeias inteiras são varridas por grupos armados.
No Sudão e no Iêmen, o crime é simplesmente acreditar.
Na China, orações se tornam atos subversivos.
Na Coreia do Norte, a fé é uma sentença — e entre 50 a 70 mil cristãos pagam por ela em campos de trabalhos forçados, esquecidos pela história.

Enquanto o sangue corre, a mídia se cala.
Enquanto mães enterram seus filhos em covas anônimas, as autoridades redigem discursos sobre “liberdade” e “tolerância”.
As palavras perderam o peso.
A humanidade perdeu a vergonha.

Os que pregam a paz se multiplicam nas telas, mas não movem um dedo por aqueles que sangram por ela.
As bandeiras da ideologia tremulam ao vento, mas nenhuma cobre os corpos dos inocentes.
Há uma falsa paz vendida em conferências — uma paz de papel, que teme se sujar de verdade.
Enquanto isso, os verdadeiros pacificadores são crucificados, apedrejados, queimados.

Mas algo resiste.
Em cada olhar que não cede, em cada oração sussurrada às escondidas, há uma chama que o ódio não apaga.
Esses mártires da fé — desconhecidos, sem rosto, sem nome — são as raízes de uma humanidade que ainda respira.
Eles nos lembram que crer é um ato de coragem, e amar, um desafio diante do terror.

E se o mundo se esquece deles, que pelo menos as nossas palavras não se calem.
Que cada frase seja um memorial, cada lágrima, um protesto,
cada linha, um ato de resistência contra a indiferença.

Porque a fé que sobrevive ao fogo é a semente que faz a terra renascer.
E talvez, um dia, quando o silêncio for finalmente quebrado,
a humanidade se olhe no espelho e reconheça o que perdeu —
a própria alma.

Jhttps://jornalfactual.com.br/

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