Enquanto muitos países discutem modernização, o Nepal segue um caminho próprio: nas eleições nacionais, a escolha dos cidadãos ainda é registrada em cédulas de papel, contadas manualmente em longos processos que podem levar dias. Para os nepaleses, esse sistema garante proximidade cultural e transparência visual, ainda que sacrifique a agilidade.
No Brasil, ao contrário, o debate gira em torno das urnas eletrônicas, usadas há quase três décadas. O sistema, reconhecido internacionalmente pela rapidez e resistência a fraudes, enfrenta pressões políticas de setores que defendem a adoção de um “voto impresso auditável”. Propostas nesse sentido chegaram a tramitar no Congresso, mas foram rejeitadas sob o argumento de que poderiam fragilizar a segurança e abrir brechas para manipulações.
Nos Estados Unidos, a realidade é mais fragmentada. Cada estado decide o método de votação, o que cria um mosaico de práticas: enquanto alguns utilizam urnas eletrônicas modernas, outros ainda mantêm cédulas físicas, muitas vezes digitalizadas e verificadas por leitores óticos. A eleição presidencial de 2020 acendeu polêmicas sobre a confiabilidade do processo, com líderes políticos questionando a integridade de certas contagens — mesmo sem comprovação de fraudes em larga escala.
Esse contraste global mostra que não existe consenso universal sobre qual modelo é “o melhor”. O papel, como no Nepal, transmite tradição e confiança na fiscalização popular. A urna eletrônica, como no Brasil, aposta na velocidade e blindagem tecnológica. Já os EUA permanecem no meio do caminho, equilibrando práticas analógicas e digitais.
No fim, a pergunta que ecoa em diferentes democracias é a mesma: como garantir eleições seguras, rápidas e legítimas aos olhos da população? A resposta varia conforme história, cultura e, sobretudo, o nível de confiança dos cidadãos em suas instituições.http://jornalfactual.com.br






