O clima geopolítico está cada vez mais tenso no Caribe — e os Estados Unidos, sob o comando de Donald Trump, parecem se preparar para algo muito maior do que uma simples operação antidrogas.
Desde setembro, o país realizou pelo menos 16 ataques contra embarcações suspeitas de tráfico nas águas do Caribe e do Pacífico. O resultado foi letal: mais de 60 mortos, segundo dados confirmados por agências de segurança regionais.
Mas o movimento mais recente do Pentágono sugere que a Casa Branca está mirando além do narcotráfico.
O envio do USS Gerald Ford, o maior porta-aviões do planeta, para a região, e a reativação de uma base naval americana em Porto Rico — desativada há 20 anos — levantaram o alerta vermelho em várias capitais latino-americanas. A ilha fica a apenas 800 quilômetros da Venezuela, onde o regime de Nicolás Maduro segue resistindo às pressões internacionais.

Um tabuleiro que volta a girar
O reposicionamento militar americano ocorre num momento em que Washington tenta retomar influência em um hemisfério que, nos últimos anos, se aproximou de China e Rússia.
Fontes ligadas ao Departamento de Defesa afirmam que a “Operação Vento Limpo”, iniciada oficialmente como ação de combate ao tráfico, já evoluiu para uma estratégia de contenção geopolítica.
Ontem à noite, Trump tentou minimizar as especulações:
“Os EUA não estão entrando em guerra com os venezuelanos. Mas posso dizer que os dias de Maduro estão contados”, disse o presidente em entrevista à Fox News.
Apesar do discurso calculado, os bastidores da Casa Branca indicam que o Pentágono tem planos prontos para uma intervenção limitada, com apoio de países caribenhos e da Colômbia.
Trump volta à ativa
Trump, que voltou à Casa Branca com a promessa de “salvar o mundo da corrupção e do caos”, parece determinado a restaurar o protagonismo militar americano, mesmo enquanto a economia interna enfrenta inflação persistente e um Congresso dividido.
Na visão de analistas, o magnata aposta em uma política externa de força como forma de reavivar o orgulho nacional americano — algo que muitos eleitores veem como símbolo da velha glória dos EUA.
Mas há quem enxergue nisso uma fuga:
“Trump quer parecer o homem forte que resolve tudo, mas ignora que o país está sufocado por dentro — dividido, endividado e cansado de guerras”, afirma o professor Richard Halley, especialista em Relações Internacionais da Georgetown University.
Da Venezuela à Nigéria: uma política de choque global
A Venezuela não é o único foco de tensão. No último fim de semana, Trump também voltou suas atenções para a Nigéria, após novos ataques de grupos extremistas contra comunidades cristãs no país.
Num discurso transmitido ao vivo, o presidente foi direto:
“Os Estados Unidos não vão mais financiar governos que toleram terroristas. Se for preciso agir, será rápido, cruel e doce.”
Poucas horas depois, Washington anunciou o fim imediato da ajuda financeira à Nigéria e enviou navios de apoio logístico ao Golfo da Guiné — uma clara demonstração de força em território africano.
Entre o herói e o incendiário
Trump se apresenta como o homem disposto a “salvar o mundo das trevas”, mas o preço dessa salvação pode reacender antigas feridas globais.
O expansionismo americano, sob o pretexto de segurança e valores ocidentais, volta a gerar desconforto até entre aliados da OTAN, que temem um novo ciclo de confrontos e sanções.
Enquanto isso, dentro dos Estados Unidos, a economia dá sinais de fadiga, o desemprego cresce discretamente e protestos contra cortes em programas sociais ganham força.
Mas para Trump, o roteiro parece claro: se o mundo está em chamas, ele quer ser o bombeiro — ou o incendiário que controla o fogo.
Resumo:
Os EUA estão reposicionando forças no Caribe e em áreas estratégicas da África. Trump promete agir contra ditadores e terroristas, mas enfrenta um país internamente dividido. A nova ofensiva americana pode redefinir o equilíbrio global — ou mergulhar o planeta em mais um ciclo de tensão e incerteza.








