Rio Tietê: Entre a Esperança e o Colapso — A Mancha da Poluição que Insiste em Resistir

O Rio Tietê, símbolo de São Paulo e um dos mais importantes cursos d’água do Brasil, continua vivendo entre avanços e retrocessos. O estudo Observando o Tietê, divulgado pela Fundação SOS Mata Atlântica em 2025, mostra uma redução significativa da mancha de poluição: de 207 km em 2024 para 174 km neste ano.

À primeira vista, o dado pode soar animador. Mas basta olhar os números em detalhe para perceber que o rio segue em estado de vulnerabilidade extrema. Dos 55 pontos monitorados na bacia, apenas 1,8% apresentaram qualidade de água boa. Não há nenhum ponto considerado “ótimo”. A maioria continua entre “regular”, “ruim” e até “péssima”.


📉 Um histórico de altos e baixos

O gráfico abaixo mostra a trajetória da mancha desde os anos 1990.

➡️ Em 1993, o Tietê bateu recorde negativo: mais de 500 km de extensão poluída.
➡️ Entre 2000 e 2015, obras de saneamento reduziram drasticamente a mancha.
➡️ Depois de 2015, os avanços perderam força e o rio voltou a piorar, chegando a 207 km em 2024.
➡️ Agora em 2025, houve alívio: 174 km. Ainda assim, longe do ideal.


🗺️ Onde o rio ainda sofre

O mapa da bacia evidencia um padrão alarmante:

  • Grande São Paulo: trecho mais crítico, com qualidade “péssima”.
  • Interior paulista: alguns pontos alcançam classificação “regular”, mas ainda longe do desejável.
  • Região de Itapura (foz): único trecho classificado como “bom”.


🚨 Por que o Tietê segue vulnerável

  1. Saneamento desigual: milhões de pessoas ainda despejam esgoto sem tratamento no rio.
  2. Chuvas escassas: menor volume de água dificulta a diluição dos poluentes.
  3. Poluição difusa: lixo, resíduos industriais e ocupações irregulares nas margens.
  4. Gestão frágil: barragens e interceptores de esgoto sobrecarregados.

🌱 O que precisa mudar

Especialistas são unânimes: o Tietê só terá recuperação real com universalização do saneamento, recuperação de matas ciliares, controle da poluição difusa e continuidade nas políticas públicas, sem retrocessos.

A mancha de poluição diminuiu — mas o rio segue à beira do colapso. O futuro do Tietê depende das escolhas feitas agora.http://jornalfactual.com.br

WhatsApp Facebook Twitter Email Baixar Imagem
  • Related Posts

    Esgoto à flor da terra: BRK é multada em quase R$ 1,8 milhão após novo vazamento atingir o Lago de Palmas

    O episódio reacende o debate sobre a responsabilidade ambiental e o custo social da negligência no saneamento básico Mais uma vez, o esgoto transbordou em Palmas — e com ele,…

    Restauro florestal pode render até US$ 100 bilhões por ano — mas será que vai sair do papel?

    Transformar as florestas tropicais em ativos econômicos e climáticos: essa é a proposta ousada do estudo divulgado nesta segunda-feira (13) pelo Climate Policy Initiative (CPI), vinculado à PUC-Rio, que vem…

    Deixe um comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

    You Missed

    Entre o Centro da Terra e o Sol Nascente: o futuro da energia e da curiosidade humana

    Entre o Centro da Terra e o Sol Nascente: o futuro da energia e da curiosidade humana

    “1,5°C já ficou para trás — e o planeta começa a cobrar a conta”

    “1,5°C já ficou para trás — e o planeta começa a cobrar a conta”

    Projeto Ligados entrega mais de 200 geladeiras para tocantinenses que participaram dos sorteios

    Projeto Ligados entrega mais de 200 geladeiras para tocantinenses que participaram dos sorteios

    “Defensorias do Araguaia” e “Defensorias nos Babaçuais” receberão prêmio sobre práticas antirracistas

    “Defensorias do Araguaia” e “Defensorias nos Babaçuais” receberão prêmio sobre práticas antirracistas

    Ministério da Agricultura forma 850 pessoas para fiscalização com drones

    Ministério da Agricultura forma 850 pessoas para fiscalização com drones

    Reforma Casa Brasil vai liberar R$ 40 bilhões para reformas e ampliações de moradias

    Reforma Casa Brasil vai liberar R$ 40 bilhões para reformas e ampliações de moradias