
O salário-mínimo brasileiro deveria ser de R$ 7.075,83 para garantir condições dignas de vida a um cidadão e sua família, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). No entanto, o valor pago atualmente é de R$ 1.518 — uma quantia que mal cobre as despesas básicas de alimentação, moradia, transporte e saúde.

Essa diferença gritante escancara não apenas uma desigualdade econômica, mas um profundo descaso político e social. A distância entre o que o trabalhador recebe e o que ele realmente precisa para viver com dignidade é, na prática, o retrato fiel de um país onde o povo trabalha muito, mas continua sobrevivendo com pouco.
O valor da dignidade humana
O salário-mínimo deveria representar o mínimo de dignidade que uma sociedade se compromete a garantir a quem move a economia: o trabalhador. É ele quem acorda cedo, enfrenta transporte precário, paga caro por comida e ainda tenta sustentar uma casa com energia elétrica, gás, aluguel e medicamentos — itens básicos que viraram artigos de luxo para milhões de brasileiros.
Mas o que vemos hoje é um sistema que se recusa a enxergar a realidade. Políticos eleitos para defender o povo viram as costas para quem os colocou no poder. Enquanto isso, os próprios salários e benefícios desses representantes crescem sem a menor vergonha: auxílios, verbas de gabinete, passagens aéreas e reajustes automáticos — tudo pago com o dinheiro de quem ganha mil e quinhentos reais por mês.
A matemática da injustiça

De acordo com o DIEESE, o cálculo do salário-mínimo ideal leva em conta despesas essenciais com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência. E a conta é simples: o valor atual deveria ser quase cinco vezes maior para permitir uma vida minimamente confortável.
Ou seja, o trabalhador brasileiro vive uma realidade de subvalorização institucionalizada. Trabalha o mês inteiro, paga impostos embutidos em absolutamente tudo, mas continua refém de um modelo que beneficia poucos e sufoca muitos.
A responsabilidade que esquecemos
O mais grave é que essa distorção não é apenas econômica — é moral. Porque quando um país aceita que milhões vivam com o mínimo, ele também aceita a perda do respeito e da dignidade humana.
É inaceitável que o poder público trate a sobrevivência de seu povo como um número contábil. E é inaceitável que a sociedade normalize isso. É preciso lembrar: quem sustenta o Estado é o cidadão, não o contrário. São os trabalhadores, os professores, os enfermeiros, os pedreiros, os motoristas, os entregadores — é o povo que constrói o país, não os políticos.
Hora de despertar
O Brasil precisa de um despertar coletivo. Precisamos cobrar com firmeza, votar com consciência e exigir que a política volte a cumprir seu verdadeiro papel: servir ao povo, e não se servir dele.
Não há democracia plena onde há fome. Não há progresso onde há desvalorização do trabalho. E não há futuro digno enquanto o salário de quem carrega o país nas costas não paga sequer a sua própria sobrevivência.
Refletir é o primeiro passo. Cobrar é o segundo. Mudar é o único caminho.http://jornalfactual.com.br
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